30.6.07
10/10 (dez-em-dez) - "OK Computer", 1997 (parte 1)
(capa do disco: Stanley Donwood)


Passam já dez anos sobre aquela que é, talvez, a melhor obra prima musical dos últimos 30 anos. Um disco que marca uma geração de músicos e melómanos, com música intemporal, superiormente escrita e arranjada e com a produção insuperável do então desconhecido Nigel Godrich, que havia assistido John Leckie na produção de "The Bends" (1995), e da própria banda.
O disco pode ser visto como «O definitivo guia para a sobrevivência nas sociedades modernas ocidentais», com foco especial na pressão e alienação do ser humano, causada por uma evolução social e tecnológica, que processou informação excessiva em relação ao que o Homem consegue assimilar. A mecanização e automatização das acções humanas - já não resultado da vontade consciente da pessoa - vai sendo explorada ao longo do disco (como exemplos, Paranoid Android, Let Down, No Surprises e, por todas, Fitter Happier).

O disco começa com Airbag. A batida de Phil Selway e o riff de guitarra de Jonny Greenwood constroem a rede de sustentação para uma música que apresenta uma estrutura convencional de canção, estrofe/refrão. No entanto, todo o trabalho de guitarras e percussão que vai acontecendo em pano de fundo, como que uma parede sonora, é absolutamente impressionante, até que tudo se caotiza mais para o final, com o noise das guitarras e dos mais variados instrumentos de percussão utilizados e sons computorizados.

Airbag

A seguir, chega o primeiro single de apresentação de "OK Computer", Paranoid Android. 3 músicas comprimidas e juntas numa, o que originou algumas comparações com Bohemian Rhapsody, dos Queen.
Musicalmente, é uma espécie de junção entre uns Pink Floyd dos anos 70 e uns Radiohead de "The Bends"; liricamente, é inspirada na personagem Marvin, o boneco que podem ver na barra lateral direita (na versão cinematográfica de 2005), de "The Hitchiker's Guide to the Galaxy", do escritor britânico Douglas Adams.
Não há muito a dizer mais sobre esta música, para além de que a considero a melhor música dos anos 90 e uma das melhores e mais inovadoras musicas de sempre. Tudo está pensado e executado ao milímetro. Os riffs das guitarras que vão dando os diferentes motes às sub-músicas são muito inteligentes, todos os sons que ouvem estão pensados ao milímetro e têm que escutar a músicas umas boas dezenas de vezes até os conhecerem todos. Desde a bateria clínica de Phil Selway, passando pela excelente linha de baixo de Colin Greenwood, os solos esfuziantes de Jonny Greenwood, o preenchimento de som por Ed O'Brien até à frágil e lindíssima voz de Yorke... está tudo lá.
Ainda sobre esta música, impossível esquecer o seu assombroso vídeo, realizado por Magnus Carlsson, responsável pela série animada "Robin", cujas personagens são "estrelas" do vídeo.




Subterranean Homesick Alien é uma música cujo título é inspirado na música Subterranean Homesick Blues, de Bob Dylan.
Sobre esta música, o guitarrista Jonny Greenwood explica que tentou recriar o ambiente de "Bitches Brew" - disco de 1970 de Miles Davis. O som, misterioso e futurista, serve a canção na perfeição, na sua história sobre um rapto alienígena.

Subterranean Homesick Alien

Exit Music (For A Film) aparece pela primeira vez, no final do filme "Romeo + Juliet" (1996), de Baz Luhrman, ainda que não tivesse feito parte da banda sonora original, a pedido de Thom Yorke. A música é inspirada, segundo o próprio Yorke, no exacto momento da narrativa em que Julieta aponta a arma à sua cabeça, vendo Romeu morto.
É outro verdadeiro monumento. Conduzida pela guitarra acústica de Yorke, naquela que podia ser uma balada folk ao estilo de um The Day Is Done de Nick Drake - a sequência de acordes iniciais é a mesma! -, as camadas de som que são colocadas na música dão-lhe uma tonalidade lúgubre. Temos samples de sons que parecem ser de crianças a brincar, coros de vozes sintetizados, até que a bateria e um baixo em pesada distorção entram na música, no seu climax apoteótico.

Exit Music (For A Film)

Depois, uma das minhas favoritas do disco e uma das mais melancólicas, Let Down, que esteve para ser o primeiro single do disco.
O riff da guitarra de Greenwood, tocado num compasso diferente do tradicional 4/4 em que estão os restantes instrumentos, é a primeira coisa a ouvir-se. Uma música pop perfeita, com as harmonias vocais de Yorke em plano de evidência, até ao seu final em forma de loop electrónico.

Let Down

Karma Police dispensa qualquer tipo de apresentação. É o segundo single de "OK Computer" e aquele que acabaria por focar as atenções do público em geral sobre o disco.
O som estridente final sai da imaginação do guitarrista Ed O'Brien, através da saturação de sons introduzidos num aparelho de delay digital.
O vídeo é realizado por Jonathan Glazer. Excelente, como já lhe é costume.




(continua)

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Olavo Lüpia, 30.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
29.6.07
Porque hoje é Sexta...
Rainy Day Women # 12 & 35, Bob Dylan
"Blonde on Blonde" (1966)

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Olavo Lüpia, 29.6.07 | Referências | 2 Feedback(s)
28.6.07
Pop sofrida

Ainda que bastante marcado pela herança de Brian Wilson, "Blink of a Nihilist" mostra-nos algumas boas canções de B.C. Camplight (ou Brian Christinzio), para além de uma voz convidativa, por regra, em falsetto, e bons arranjos (inspirados ora em Wilson, ora em Burt Bacharach).
Não é preciso percorrer muito do caminho do disco para lhe descobrir a "pérola". É logo a primeira música, Suffer For Two. Uma eficaz sinopse do álbum.

Suffer For Two - B.C. Camplight
"Blink of a Nihilist" (2007)

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Olavo Lüpia, 28.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
27.6.07
Assustadoramente belo
De um belíssimo disco, fortemente marcado pela experiência de um aborto espontâneo por que a autora passou, recorto a excelente primeira faixa, Spark (que, confesso, ouvi vezes sem conta só para tentar perceber os compassos musicais usados nas estrofes. Sim, ouvir música pode-se tornar acto obsessivo. Para algumas pessoas, raramente o não é).


Spark, Tori Amos
"From The Choirgirl Hotel" (1998)

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Olavo Lüpia, 27.6.07 | Referências | 2 Feedback(s)
26.6.07
Dancing days are here again...
Prepara-se a reunião de Jimmy Page, Robert Plant e John Paul Jones dos Led Zeppelin, com o filho do malogrado John Bonham, Jason. A última reunião dos Led Zepp, já sem "Bonzo", deu-se com o Live Aid - na altura, com Phil Collins na bateria. Nos anos 90, Plant & Page gravaram juntos "No Quarter" (1994) e "Walking Into Clarksdale" (1998) e fizeram digressões.
A "desculpa", desta vez, é um concerto de homenagem ao fundador da companhia discográfica pela qual os Zepp gravaram os seus discos, a Atlantic. Ahmet Ertegun, de seu nome, faleceu no final de 2006, após passar vários anos em coma, em resultado de uma queda num concerto dos Rolling Stones (!!).
No meio das conversações ficou estipulado que, se tudo correr bem nesse concerto, os reunidos Led Zeppelin sairão para a estrada para uma digressão.

(fonte)

Heartbreaker, "Led Zeppelin II" (1969)

Friends, "Led Zeppelin III" (1970)

Four Sticks, "Led Zeppelin IV" (1971)

Dancing Days, "Houses of The Holy" (1973)

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Olavo Lüpia, 26.6.07 | Referências | 1 Feedback(s)
Welcome to St. Vincent
As indicações eram excelentes e salivei um mês pelo disco "Marry Me", de St. Vincent, ou seja, Annie Clark.
Agora que o ouvi, as expectativas não foram goradas, muito pelo contrário. Será, para mim, um dos discos do ano.
Se 2005 me trouxe "Akron/Family" dos homónimos, e 2006 me levou a Beirut e ao "Gulag Orkestar", 2007 parece guiar-me para St. Vincent (não o destino solarengo, infelizmente) e a este "Marry Me", como a surpresa do ano.


Annie Clark, a.k.a. St. Vincent


Dos riffs e arpejos de guitarra às músicas guiadas pelo piano, do rock ao pop, passando pelos restantes estilos musicais que vão aparecendo, sem nunca se atropelarem, pelo disco... Cada música é diferente da(s) anterior(es) e há sempre, pelo menos, uma surpresa em cada canção - seja na composição, seja na vocalização ou (principalmente) nos arranjos surpreendentes, que me fizeram esboçar sorrisos constantes durante a audição.
A crítica ficará para quando o disco sair, para o mês que vem.
Mas, para já:

Human Racing - St. Vincent
"Marry Me" (2007)

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Olavo Lüpia, 26.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
25.6.07
Blue Mondays...

Same Blue Devils, Grant-Lee Phillips
"Strangelet" (2007)

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Olavo Lüpia, 25.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
23.6.07
Does Humour Belong in Music? (XIX)

Smells Like Teen Spirit, The Ukulele Orchestra of Great Britain
Performance no "Later..." de Jools Holland

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Olavo Lüpia, 23.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
22.6.07
Porque hoje é Sexta...
Yeah Yeah Yeah Song - The Flaming Lips
"At War With The Mystics" (2006)

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Olavo Lüpia, 22.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
21.6.07
Vídeos do Outro Mundo

B-Line, Lamb
"Fear of Fours" (1999)

Realização: Garth Jennings (Hammer & Tongs)

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Olavo Lüpia, 21.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
20.6.07
Good Vibrations
Brian Wilson, ex-membro e mentor dos The Beach Boys, chega hoje aos 65 anos.
Com os Beach Boys, firmou-se como um dos compositores mais importantes da música popular made in USA.
Para o celebrar, recordamos o célebre e especial disco "SMiLE", lançado em 2004.
Um disco especial, que começou a ser gravado pelos Beach Boys, em 1966 e 1967 (parece que tudo nos leva a este ano!), sendo, no entanto, as sessões de gravação interrompidas nesse ano, em Maio, e o disco abandonado.
No entanto, os registos das gravações continuaram nas mãos de Wilson, que, apesar de sempre se ter mostrado relutante em colocar o material à disposição do público (e pulularam pelo mercado, ao longo dos anos, várias bootlegs de "SMiLE"), acaba por, surpreendentemente, acabar o trabalho que havia deixado interrompido quase quarenta anos antes.
Em "SMiLE" são bem reconhecidas todas as particularidades de composição e arranjos de Brian Wilson. Os arranjos vocais inconfundíveis e a grandeza na escrita de canções pop, no denominado surf-rock e algum psicadelismo próprio da época (como em Mrs. O'Leary's Cow), que influenciaram músicos de todas as gerações até hoje, desde os Sparks, passando por Mike Patton (principalmente na fase de "California", 1999, com os Mr. Bungle), até aos mais recentes High Llamas, The Flaming Lips ou Akron/Family, entre muitos outros.

Não sendo o "Pet Sounds" (1966), "SMiLE" é um excelente conjunto de canções - uma espécie de uma pop-ópera, em 3 actos -, canções essas que (por opção?) se mantiveram praticamente imutáveis até ao seu definitivo lançamento.
Agora a música, a começar por essa verdadeira mini-sinfonia que é Heroes and Villains, numa irrepreensível versão ao vivo.


Heroes and Villains

Cabin Essence
Surf's Up

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Olavo Lüpia, 20.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
19.6.07
Novidades - The White Stripes

«I said I know it's only Rock & roll but I like it», cantava Mick Jagger. Neil Young preferia «hey, hey, my, my, rock & roll will never die»... Podem andar às voltas com definições mais ou menos pomposas para "Icky Thump", mas o resultado a que vão dar tem que acabar por entroncar no espírito do rock & roll.
Guitarras em distorção, ritmos de bateria fortíssimos e alguns gritos. Solos de guitarra: já não ouvia solos de guitarra há anos(!!)... Meg White não tem o génio percussivo de John Bonham, mas o que lhe falta em virtuosismo vai tentando colmatar em criatividade.
Em geral, o disco soa muito a Led Zeppelin: na faixa-título, que começa o disco, a voz é a de Robert Plant e os riffs de guitarra os de Jimmy Page, ainda que a letra seja uma crítica feroz às leis de imigração norte-americanas; You Don't Know What Love Is (You Just Do As You're Told) junta os Rolling Stones aos Zeppelin, com arranjos a condizer; os laivos acústicos de 300 M.P.H. Torrential Outpour Blues também trazem Jimmy Page à baila; depois, quem não ouvir a voz de Robert Plant em I'm Slowly Turning Into You, nunca ouviu os Zepp.
Em geral, parte-se dos blues para o rock e hard-rock, como se ouve na curtição headbanger de Rag & Bone ou em Catch Hell Blues.
O riff inicial de Bone Broke traz à memória o de Revolver dos Rage Against The Machine, com intensidade instrumental a condizer.
Prickly Thorn, But Sweetly Worn é uma surpresa estranhíssima dos White Stripes. Folk britânico, com gaita de foles e bandolim, vindo de uma banda de Detroit é, no mínimo, esquisito. Principalmente quando coisa parecida só se imagina natural vinda de artistas folk britânicos dos anos 60, como Bert Jansch e John Renbourne, ou outros artistas britânicos que tenham em si um lado folk forte como... Jimmy Page. Como continuação, ouve-se St. Andrew (The Battle is In The Air), em que o que restou do folk de Prickly Thorn se emaranha com puro psicadelismo (como há 40 anos atrás).
O (hard) rock torna-se heavy metal em Little Cream Soda, onde os riffs sugerem o casamento dos graves de uns Black Sabbath com os agudos dos Smashing Pumpkins de "Siamese Dream" e "Mellon Collie...".
Mas nem tudo é rock & roll. O tesouro do disco é Conquest, a 4.ª música. Punk mariachi! Para quem não sabe o que isso é - eu também o desconhecia -, adivinhem o que acontece quando se juntam acordes de guitarra com muita distorção, sincopados e marcados pela bateria, com trompetes mariachis a dar um colorido mexicano.
O lado mais country alternativo dos Stripes aparece apenas sugerido na pseudo-balada A Martyr For My Love For You e assumido, já, na excelente faixa final, Effect and Cause.

Em conclusão, ouçam este disco e, no fim do disco, ouçam mais um bocado. Não muda a vida de ninguém. Não traz sequer grandes novidades à Música. Mas soa bem, não chateia e tem boas canções.
Se, pelo menos, "Icky Thump" levar as pessoas a trautear de forma sentida qualquer uma das músicas a que aludi no início, já se ganhou uma grande coisa - isto porque, se calhar, pedir aos miúdos (não que eu seja um cota) para ouvir discos dos Led Zepp, dos Stones ou do Neil Young já é capaz de ser pedir demasiado.

Conquest
Rag & Bone
Effect & Cause


Icky Thump

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Olavo Lüpia, 19.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
18.6.07
Monterey International Pop Music Festival

Numa altura em que passam 40 anos sobre muitos dos mais marcantes acontecimentos musicais (por referência ao excepcional ano de 1967), o Festival Pop de Monterey, Califórnia, não podia ser esquecido.
Todos os artistas que por lá passaram actuaram de borla (à excepção de Ravi Shankar) e as mais de 200.000 pessoas que por lá passaram pagaram 1 dólar para assistir. Os proveitos reverteram para acções de beneficiência.
Considerado como a ante-câmara para o "Verão do Amor", o Festival de Monterey também é visto como o acontecimento que serviu de referência para a realização do Festival de Woodstock (Agosto de 1969).

No primeiro dia, sexta-feira, 16.06.1967, apresentaram-se The Association, The Paupers, Lou Rawls, Beverly, Johnny Rivers, os Animals e estes jovens Paul Simon e Art Garfunkel, aqui com Homeward Bound.


Homeward Bound, Simon & Garfunkel

No segundo dia, Sábado, 17.06.1967, actuaram Canned Heat, Big Brother & The Holding Company (com Janis Joplin), Country Joe and The Fish, Al Kooper, The Paul Butterfield Blues Band, Quicksilver Messenger Service, Steve Miller Band, The Electric Flag, Moby Grape, Hugh Masekela, The Byrds, Laura Nyro, Jefferson Airplane, Booker T and The MG's e Otis Redding.


Ball and Chain, Big Brother & The Holding Company (com Janis Joplin)

Para o último dia, Domingo, 18.06.1967, ficaram guardadas as actuações de Ravi Shankar, The Blues Project, Big Brother & The Holding Company, The Group With No Name, Buffalo Springfield, The Who, Grateful Dead, The Jimi Hendrix Experience, Scott McKenzie e os The Mamas & The Papas.


San Francisco, Scott McKenzie com os The Mamas & The Papas


Para finalizar, deixo um recorte daquele que terá sido o momento performativo mais marcante de Monterey: a actuação da Experience de Jimi Hendrix. Mais concretamente, o final do seu set, com a versão de Wild Thing (original de Chip Taylor, originalmente gravada pelos The Wild Ones, mas mais conhecida pela versão dos The Troggs), na qual Hendrix queima e destrói a sua Fender Stratocaster.


Wild Thing, The Jimi Hendrix Experience

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Olavo Lüpia, 18.6.07 | Referências | 1 Feedback(s)
Blue Mondays... (Especial Monterey Pop Festival)
Otis Redding também passou pelo Monterey Pop Festival, faz hoje 40 anos, onde se pautou por uma extraordinária actuação.
Aqui fica um excelente exemplo, com a soul de I've Been Loving You For Too Long.


I've Been Loving You For Too Long, Otis Redding

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Olavo Lüpia, 18.6.07 | Referências | 1 Feedback(s)
17.6.07
Vídeos do Outro Mundo/Novidades - The Polyphonic Spree
Desta vez, um vídeo sem vídeo.
Cerca de 70.000 fotografias são o pano de fundo para a música Running Away, o convite para a entrada em "The Fragile Army", do colectivo The Polyphonic Spree, a sair esta semana.


Running Away, The Polyphonic Spree
"The Fragile Army" (2007)

Realização: Hal Samples e Julie Doyle

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Olavo Lüpia, 17.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
15.6.07
Porque hoje é Sexta...
(Que saudades...)


Kissing The Sun, The Young Gods
"Only Heaven" (1995)

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Olavo Lüpia, 15.6.07 | Referências | 1 Feedback(s)
14.6.07
(Semi-)Novidades - Of Montreal

Kevin Barnes é um tipo peculiar. E, desde logo, "Hiss Fauna, Are You The Destroyer?" é um disco peculiar.
O disco relata um período muito conturbado na relação do rapaz com a sua companheira norueguesa, Nina Twin (nome que é referido na fabulosa Heimdalsgate Like a Promethean Curse, sendo Heimsdalgate a rua onde ambos viviam na Noruega). A coisa deu em separação e numa posterior reconciliação. Durante o processo, veio uma descompensação emocional, depois uma depressão nervosa e uma quantidade brutal de questões existenciais.

Segundo Barnes, trata-se de um disco conceptual, que narra a transformação do próprio num alter-ego glam rocker, de nome Georgie Fruit.
A primeira parte do disco é quase exclusivamente um duelo de Barnes com a sua depressão. Música triste, sorumbática? Nada disso! Se as letras já são uma tentativa de exorcizar os seus sentimentos depressivos e/ou a anti-depressivos e mudanças repentinas de humor, a música tem que ser alegre e sexy! E assim é - veja-se, por exemplo, o clip de Heimdalsgate Like a Promethean Curse, já postado aqui.
A meio do disco, vem a música The Past is a Grotesque Animal, com quase 12 minutos, durante a qual se dá a tal mutação em Georgie Fruit. Uma música onde Barnes despeja a alma poluída para o papel, com um acompanhamento musical quase neurótico.
A restante parte do disco já são diatribes e devaneios da personagem Georgie Fruit, aqui e ali pontuadas com as mesmas dúvidas existencias do seu craidor, Kevin Barnes.

O som é pop, com elementos glam (muito Bowie) e disco dos anos 70, entre muitos outras pequenas coisas. Um destaque óbvio para a voz de Barnes. As vocalizações são absolutamente inacreditáveis. Onde é que o homem vai buscar aquelas ideias, melodias e harmonias vocais (levemente inspirados, parece-me, nas dos Queen de "A Day at The Opera") e falsetes impressionantes - que fazem os Scissor Sisters parecerem uns amadores - é um mistério? Uma imaginação fantástica.
Vale bem a pena ouvir este "Hissing Fauna, Are You The Destroyer?", saído em Janeiro - e que só agora aqui coloquei por preguiça da altura (e posterior esquecimento).

Suffer for Fashion
Gronlandic Edit
Labyrinthian Pomp

Os Of Montreal são uma das bandas confirmadas no Festival de Sudoeste, com actuação marcada para 5 de Agosto.

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Olavo Lüpia, 14.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
13.6.07
Palavras para quê? X/Novidades - Beastie Boys
Surpreenderá muita gente o novo dos Beastie Boys, instrumental, de nome "The Mix-up", a sair mais para o fim do mês.
Pelo menos, a tomar pelas amostras, Off the Grid (excelente) e Rat Pack, já a rodar pelo You Tube... Sim, uma banda de hip-hop (ou rap) que consegue ser uma banda orgânica, que toca os próprios instrumentos, e fazer-se soar ora jazz, ora funk, ora soul, ora disco... ora, porra!


Off the Grid


Rat Pack


Para umas espreitadelas a outras músicas deste "The Mix-up" (e que espreitadelas promissoras...), fica aqui a ligação para o site dos Beastie Boys.

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Olavo Lüpia, 13.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
12.6.07
Intermission (Um cliché e um "Olá!"
Espalhem a Notícia - Sérgio Godinho
"Canto da Boca", 1980

Teresinha - Chico Buarque
"Ópera do Malandro", 1979)


Post em cross-over com este d'O Incontinental.

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Olavo Lüpia, 12.6.07 | Referências | 1 Feedback(s)
Assustadoramente belo
Porque há clássicos que não se gastam,

This Mess We're In - PJ Harvey com Thom Yorke
"Stories from the City, Stories from the Sea" (2000).

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Olavo Lüpia, 12.6.07 | Referências | 4 Feedback(s)
11.6.07
Take Away Shows
Não se pode dizer bem o suficiente dos "Take away shows" - ou "Concerts a emporter", no original - do La Blogothèque.
A ideia é, no fundo, levar o defunto formato unplugged a um extremo, pondo as bandas a tocar, de dia ou de noite, nas ruas, em bares, nos camarins, nos montes, etc., em Paris e outros lugares de França.
Por lá já passaram Stuart Staples, Grizzly Bear, Xiu Xiu, The Arcade Fire, The Divine Comedy, I'm From Barcelona, Mojave 3 e Of Montreal e Axe Riverboy (o mais recente), entre muitos outros. Aqui fica a ligação para a motherload.
Escolhi como exemplo o take away de Andrew Bird, com a música Spare-Ohs, a ser cantada apenas com o acompanhamento da guitarra pelas ruas do bairro de Montmartre, perante o alheamento dos incautos transeuntes (gosto muito destas duas últimas palavras e fico feliz por, finalmente, conseguir arranjar uma brecha para colocá-las aqui no tasco).



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Olavo Lüpia, 11.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
Blue Mondays...
... talvez na sua mais agitada edição de sempre.

Babe I'm Gonna Leave You
Dazed and Confused
Led Zeppelin, "Led Zeppelin" (1969)

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Olavo Lüpia, 11.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
10.6.07
Novidades - Architecture in Helsinki
E por aqui continua a boa disposição, agora a cargo dos Architecture in Helsinki, que lançam em Agosto "Places Like This" - pelo que já ouvi, vem aí "bomba" para o Verão!
Para já, a apresentação do disco faz-se com o avanço Heart it Races: "pop vocal" com um toquezinho das Caraíbas! O vídeo é também muito porreiro.
(Cuidado: esta música cria habituação!)


Heart it Races, Architecture in Helsinki
"Places Like This" (2007)

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Olavo Lüpia, 10.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
(Looking For) The Heart of Saturday Night, parte I*

Spirit in The Night, Bruce Springsteen & The E-Street Band
excerto do filme-concerto "Hammersmith Odeon, London '75" (2005)
Original de "Greetings from Asbury Park, N.J.", (1973)

(30 anos antes dos The Arcade Fire, eram estes os «salvadores do rock», epíteto que lhes adveio, em parte, por performances como a que Springsteen e a E-Street Band - que aqui parece mais a Band of Pimps... - deram no Hammersmith Odeon, Londres, em 18 de Novembro de 1975. Esta Spirit in The Night é um belíssimo exemplo. O registo vídeo do concerto foi editado com a edição especial de 30 anos do "Born To Run", em 2005. O registo áudio saiu no mesmo ano. Nota: O concerto está no You Tube)

* título roubado a uma música de Tom Waits, do disco "The Heart of Saturday Night", de 1974.

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Olavo Lüpia, 10.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
8.6.07
Porque hoje é Sexta...
(...mas a crise económica não desarma... tudo num belíssimo vídeo live)


Meu Caro Amigo, Chico Buarque
"Meus Caros Amigos" (1976)

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Olavo Lüpia, 8.6.07 | Referências | 2 Feedback(s)
7.6.07
Directamente do baú
"New York" (1989)

«This album was recorded and mixed at Media Sound, Studio B, N.Y.C., in essentially the order you have here. It's meant to be listened to in one 58 minute (14 songs!) sitting as though it were a book or a movie» - Lou Reed.

Sempre ligado à sua cidade, só no final dos anos 80 é que Lou Reed dedica um disco a New York. 14 histórias e fábulas urbanas.

Numa visita a uma grande superfície comercial ali para os lados do Porto, o meu irmão mostrava-me a sua última conquista: «Este é o Lou Reed...», disse-me enquanto me mostrava o vinil do "New York".
Eu tinha 12 ou 13 anos e não percebi nada do que ele me estava a dizer. O pouco inglês que eu sabia tinha-me sido ensinado pelos filmes, pelo Bruce Springsteen e pelo Bob Dylan. Não o sabia, mas estava a dias de juntar o Lou Reed à lista de "professores".
O que eu não atingi foi que um disco como "New York" (com as histórias imbricadas, o sarcasmo e a "bílis na língua" típicos de Lou Reed) é imperceptível para um puto de 12 ou 13 anos que havia nascido, vivia e crescia numa pequena terra do Norte de Portugal.

O som é cru. Temos duas guitarras, um baixo e uma bateria - ponto. Não abundam arranjos musicais fascinantes, só o velho mote de Dylan «...a red guitar, three chords and the truth» - pelo menos, a verdade de Lou Reed.


Dirty Blvd.

E são mesmo as palavras que sobressaem. Há de tudo em "New York".
Uma história de amor nas franjas da sociedade - com traficantes de droga e gangs armados em Romeo Had Juliette - em três minutos. Uma descrição agridoce e comovente do desfile do Halloween de Greenwich Village, para doentes de SIDA, em Halloween Parade. Em Dirty Blvd., vamos conhecer Pedro, que vive num hotel merdoso com 9 irmãos à sua conta, instintos parricidas originados nas cargas de pancada que leva por estar demasiado cansado para pedir dinheiro nas ruas e a falta de opções que faz com que o sonho passe por ser "dealer" ou, muito mais simples para uma criança como ele, olhar para o céu, contar até 3 e voar dali para fora.
Endless Cycle é uma peça sobre o ciclo interminável da violência que passa entre gerações como se de doença hereditária se tratasse. Um homem que luta contra a herança de violência e abuso de drogas. Do outro lado, uma mulher que se debate com sua própria herança de violência e alcoolismo. O remate de Reed:
«(...)
The man if he marries will batter his child
And he'll have endless excuses
The woman sadly will do much the same
Thinking that it's right and it's proper.
Better than their mommy and their daddy did
Better than the childhood that they suffered
The truth is they're happier when they're in pain
In fact that's why they got married
».

O repto para a mudança de There Is No Time é seguido de um retrato impressionante, fabuloso, duríssimo mas cómico, da América e dos americanos, à laia da sua indiferença perante as questões ambientais, em Last Great American Whale (com a Velvet Underground "Moe" Tucker na percussão):
«(...)
Americans don't care to much for beauty
They'll shit in a river, dump battery acid in a stream
They'll watch dead rats wash up on the beach
and complaint if they can't swim (...)».

A seguir, Lou Reed compila uma série de conselhos "preciosos" a dar a um filho que venha a gerar. Adivinham os que acharam que o cinismo e o cepticismo abundam na jazzy Beggining of a Great Adventure, que fecha o lado A do disco.

Last Great American Whale
Beggining of a Great Adventure

O niilismo é o ponto forte da faixa que abre o Lado B, Busload of Faith, segundo a qual não se pode contar com a família, amigos, princípios e fins, deus, inteligência, mas apenas e só com a crueldade, com o pior e com uma enorme dose de fé para nos aguentarmos.
Sick Of You tem como alvo a sociedade e a política: a nova-iorquina e, depois, a de todos os EUA. A violência - em especial, a racial - é o tema de Hold On.
A política, agora aliada à religião, é-nos servida amarga em Good Evening, Mr. Waldheim. Kurt Waldheim havia sido Secretário-Geral da ONU entre 1972 e 1982 e, naquela altura, desempenhava o cargo de Presidente da Áustria (1986-1992). Era conotado como tendo ideias anti-semitas e persona non grata nos Estados Unidos. Logo na primeira frase, Reed fala do que ele e o Papa tinham em comum... A seguir, os focos vão para o Rev. Jesse Jackson (também ele com gaffes sobre judeus e ligações a Louis Farrakhan, líder da organização social e política "Nation of Islam") e a OLP.
Xmas in February é a história de Sam, um veterano do Vietname, da sua alienação face à sociedade e do alheamento desta para com ele.
Em Strawman, Lou Reed dispara em todas as direcções, dos excessos da indústria cinematográfica a Michael Jackson, do programa espacial americano ao Presidente e na futura colheita amarga do que a sociedade americana estava a semear.

O disco acaba com um off-topic em regime experimental, (The Last Temptation of The) Dime Store Mistery, dedicado ao recém falecido Andy Warhol, em mais um excelente texto. Mais uma vez, com a percussão de "Moe" Tucker.

Busload of Faith
Dime Store Mistery

Esta última música acaba por fazer a ponte com o trabalho seguinte, a meias com John Cale, "Songs For Drella".

Muito fica por dizer sobre "New York", sobre a Statue of Bigotry a que Lou Reed se refere em duas alturas diferentes do disco, sobre a desconfiança da própria mãe, sobre o "não acreditar em nada do que se ouve e só em metade do que se vê"...
O melhor mesmo é ouvirem e lerem, de um só "gole", em 58 minutos.

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Olavo Lüpia, 7.6.07 | Referências | 2 Feedback(s)
6.6.07
Chega em meados do mês o novo disco de uma banda que não sabe "andar" devagar.


Sick Sick Sick, Queens of the Stone Age
"Era Vulgaris" (2007)

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Olavo Lüpia, 6.6.07 | Referências | 2 Feedback(s)
5.6.07
Novidades - The National

Um início excelente para "Boxer", com Fake Empire e a sua construção musical até à entrada de surpresa dos sopros, leva-nos até à excelente Mistaken for Strangers, uma (ou mesmo "a") música maior do disco.
Referências incontornáveis a Mark Eitzel e aos seus American Music Club, mas também, a espaços, a Joy Division, New Order ou Leonard Cohen, Tindersticks e Walkabouts... e canções. Um bom punhado delas. Muito boas.
Brainy parece talhada para a condução nocturna, faltando apenas alguma explosão para parecer saída de uns Arcade Fire, enquanto Squalor Vitoria vive da secção rítmica - excelente em todo o disco, diga-se.
Segue-se a calma de Green Gloves, que se agita um pouco com Slow Show e sobe ainda de intensidade com Apartment Story, outro belíssimo momento do disco com reminiscências de The Jesus and Mary Chain. A melancolia é que parece imutável. E inevitável.
O que virá a seguir? Explosão?
Não. Os The National mandam-nos ter mais calma, ainda que o nome do tema seja bélico: Start A War. A dolência dos Tindersticks está presente no refrão do tema seguinte, Guest Room.
Racing Like a Pro, instrumentalmente, entrelaça-se com algo que o guitarrista, Bryce Dessner, tem feito com os seus Clogs. Não espanta: os arranjos de cordas de "Boxer" são de outro Clog, Padma Newsom, excelentes em Ada.
O final fica para Gospel, mais uma grande canção a fechar um disco inteligente e equilibrado, que nos deixa «half-awake in a fake empire».

Fake Empire
Apartment Story
Ada


Mistaken For Strangers

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Olavo Lüpia, 5.6.07 | Referências | 1 Feedback(s)
4.6.07
Blue Mondays...
Lilac Wine - Nina Simone
"The Ultimate Nina Simone" (1964).
Composição de James Alan Shelton.

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Olavo Lüpia, 4.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)
1.6.07
10/10 (dez-em-dez) - "Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band" (1967)


Alterando as primeiras palavras que nos são cantadas no disco, «it was 40 years ago, today...» que se ouviu pela primeira vez um disco dos Beatles que marcou a história da música.
"Sgt. Peppers..." foi lançado em 01 de Junho de 1967 no Reino Unido e no dia seguinte nos Estados Unidos.
Aproveitando o caminho de experimentalismo psicadélico aberto com "Revolver", este disco parte daí para ir mais além. Os speakers Leslie, o fuzz das guitarras, os efeitos "phaser" e "flanger", o Mellotron, efeitos de reversão (reproduzindo partes instrumentais ao contrário, entenda-se)... tudo valeu e tudo foi testado.
O início do disco basta para deixar qualquer um sem fôlego, com o tema-título, seguido de With a Little Help From My Friends, Lucy In The Sky With Diamonds e Getting Better... Depois Fixing a Hole, onde a tonalidade clássica do cravo se junta ao music-hall e ao rock.
Logo a seguir, outro clássico: She's Leaving Home, a que se sucede outra grande música, entre o music-hall e a pop, Being For The Benefit of Mr. Kite.

Sgt. Pepper's Lonely Hearts Club Band
Getting Better
Fixing A Hole

A segunda parte do disco começa de uma forma absolutamente desconcertante, com as cítaras e percussões exóticas de Within You Without You e a influência profunda que a música de Ravi Shankar trouxe ao aqui compositor George Harrison. É, sem favor, uma das peças maiores do disco. Como resposta, aparecem os incontornáveis sopros de When I'm Sixty-Four (onde se destaca, claro, o clarinete). A adorável Lovely Rita aparece depois, com sentimento pop e teclas R&B.
De sopros e percussão se constrói Good Morning Good Morning, até o solo de guitarra de Harrison caotizar a música.

Within You Without You
Good Morning Good Morning

O fim do disco surpreende mais uma vez com a reprise de Sgt. Peppers Lonely Hearts Club Band que antecede mais uma peça de antologia, A Day In The Life.

A Day In The Life

O caminho traçado em "Sgt. Pepper's..." foi mais um marco e um salto para a frente na história da música. Com ele, os Beatles fizeram na pop/rock mais mainstream o que Frank Zappa acabaria por fazer em quase todos os outros estilos musicais: a partir daqui, tudo era possível! As portas para a modernidade abertas em "Revolver" tinham-se agora escancarado definitivamente.
E já tem 40 anos...

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Olavo Lüpia, 1.6.07 | Referências | 3 Feedback(s)
Porque hoje é Sexta...
Tenth Avenue Freeze-Out - Bruce Springsteen
"Born To Run" (1975)

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Olavo Lüpia, 1.6.07 | Referências | 0 Feedback(s)