22.11.06
10/10 (dez-em-dez) - "Revolver" (1966)
(Tendo saído agora o disco "Love", com a produção de George Martin e filho, lembrei-me deste verdadeiro clássico)



40 anos tem este disco. E não parece nada. Se tivesse sido editado esta semana, continuaria a ser um disco actual e fabuloso.
Os Beatles já tinham entrado na "fase estupefaciente" e, relacionado ou não com isso, dão passos na construção musical que estão muito à frente do seu tempo. Com ele, os Beatles fazem um verdadeiro tratado de composição pop, que havia dado os seus primeiros sérios fogachos no anterior "Rubber Soul" (1965).
Nele existe uma grande variedade de estilos, todos executados de forma perfeita e inovadora. Depois, há que falar no psicadelismo, bem patente em músicas como Love You To, She Said She Said ou Tomorrow Never Knows. Patente também em "Revolver", a crescente marca de George Harrison, na guitarra e na composição, contribuindo com três músicas - das melhores do disco (Taxman, Love You To e I Want to Tell You).
Continuam a existir aquelas baladas tão características dos Beatles, desta vez, no seu estado final de apuramento, como Eleanor Rigby, Here There and Everywhere ou For No One.
Por fim, a magistral produção de George Martin, que, face a uma torrente de sons e de ideias, conseguiu encontrar a melhor forma para as músicas "respirarem".

Forçado a escolher apenas alguns temas do disco, excluí à partida canções que toda a gente conhece, como a magistral Eleanor Rigby (uma lição perfeita e final de composição pop para cordas), Here There and Everywhere ou o óbvio Yellow Submarine, e optei pelas que seguem.
O rock-funk de Taxman, que abre o disco, tem uns excelentes riffs de guitarra de McCartney e uma irresistível linha de baixo de Harrison, que compôs a música - não, não é engano, é mesmo Paul na guitarra e George no baixo!
Love You To. A marca registada de George Harrison nos Beatles: a melodia oriental, o uso da cítara (e tudo o que, com ela, ele roubou a Ravi Shankar). Pop de raiz indiana era coisa que, como se pode imaginar, não existia nos 60's... até aos Beatles, mais concretamente, a George Harrison.
For No One é a música que muitos dos actuais nomes da pop gostavam de ter composto. As melodias das estrofes e refrão são fantásticas, principalmente quando se pensa que estamos nos anos 60 e não havia Beatles que os pudessem inspirar, não sei se me faço entender... O que hoje é banal, é-o porque estes 4 o fizeram antes e de forma tão perfeita que, 40 anos depois, nada há a acrescentar-lhe.
Lá para o final do disco, chega a jóia do disco. Aquela que é, provavelmente, a música mais inacreditável de todos os tempos! Tomorrow Never Knows é um OVNI. Remeto, quanto a esta música, para o que já havia escrito aqui.
Trata-se, em conclusão, de um disco intemporal e extraordinário, que é considerado por muitos como o melhor disco de sempre. E tudo isto em 35 minutos...

Taxman
Love You To
For No One
Tomorrow Never Knows

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Olavo Lüpia, 22.11.06 | Referências |


1 Comments:


  • At 22 novembro, 2006 04:55, Blogger Sãozinha

    Amigo Lúpia: OBRIGADA! Este disco é assim como assim, um verdadeiro assombro. E ainda há quem diga que os Beatles não prestam...O Tomorrow Never Knows é uma coisa indescritível de boa: um verdadeiro Godiva das músicas!