Up North In Convoy - Old Jerusalem "Splitted" * (2006) ___________________________
* "Splitted" é um disco editado pela Bor Land que conta com as contribuições de Bruno Duarte (Müenchen) - com 7 canções -, Old Jerusalem (3 temas) e Puny (restantes 11 músicas).
É já na primeira parte do mês de Setembro que os Okkervil River editarão "The Stand-Ins". Os primeiros sons já por aí andam e prometem um grande disco.
Os Okkervil River têm deixado no seu canal do You Tube versões das novas músicas de "The Stand-Ins", entre as quais Blue Tulip por Justin Vernon e os seus rapazes.
Dois anos e meio depois do disco "He Poos Clouds", o projecto Final Fantasy (ou seja, Owen Pallet) volta às edições este ano, com o lançamento de dois EP's, de acordo com notícia do Stereogum. O primeiro EP a ser lançado, em finais de Setembro, tem o nome de "Spectrum, 14th Century" e contará com a participação de Zach Condon e da restante rapaziada que tem tocado e participado no projecto Beirut, assim 'se pagando' Pallet do trabalho de arranjos - e de voz, em Cliquot - que empregou em "The Flying Club Cup". O segundo lançamento traz seis versões de músicas do também canadiano (de Toronto) Alex Lukashevsky, com arranjos de Owen Pallet para uma orquestra de 35 elementos. Estando prevista a sua edição para finais de Outubro, este EP terá o nome "Plays to Please".
The Butcher - Final Fantasy "Spectrum, 14th Century (EP)" (2008) Ultimatum - Final Fantasy "Pays to Please (EP)" (2008)
Já há nome e data de edição para o sucessor do excelente disco de 2006 dos TV On The Radio, "Return To Cookie Mountain". Vai denominar-se "Dear Science" e terá edição para os finais de Setembro. O tema Golden Age, que já rola pela net, traz os primeiros sons da novidade e é absolutamente contagiante. Por aqui, saliva-se profusamente...
Golden Age - TV On The Radio "Dear Science" (2008)
Os peixe : avião são um colectivo bracarense, existem desde 2007 e preparam-se para lançar o primeiro Long Play, com o nome "40.02" e chegada às lojas em 15 de Setembro. É, desde logo, reconhecível na amostra A Espera é Um Arame a influência dos Radiohead (de "The Bends" e do EP "My Iron Lung"), mas também se sente por ali umas brisas dos Smiths e uma portugalidade rock de uns Ornatos Violeta. Boas referências para o que me parece ser uma boa banda nacional, a confirmar em Setembro.
(Caso não sejam claustrofóbicos - ! - podem ver o vídeo do tema neste post do music [in a box])
O tema Camaleão, com a colaboração de Ana Deus (Ban, Três Tristes Tigres), pode ainda ser ouvido no myspace dos peixe : avião. Para um primeiro retrato mais composto da banda, aqui ficam dois outros temas já editados e que não figurarão no disco de estreia:
Mar Capelo, "Finjo a Fazer de Conta Feito Peixe : Avião" (2007) Tirar e Voltar a Dar, "Novos Talentos Fnac" - colectânea (2008)
Não deixa de ser curioso que num mundo cada vez mais virado para a imagem, para os grandes meios, para a noção de "produto", um blog musical francês de referência em todo o mundo escolha uma mendiga cega com uma história de vida de dificuldades que costuma cantar na Rua Augusta de Lisboa para um belíssimo post.
Podem ler mais um pouco da história da artista, ouvir duas músicas do disco "Alma Livre" (2007) - Canta Amigo, canta e Esmeralda Verde - e ver um vídeo com outra música cantada pela Dona Rosa no texto Canta Dona, canta do La Blogothèque.
Há tipos que se dão a trabalhos engraçados, como este que decidiu fazer um vídeo onde a pauta do sax tenor de John Coltrane no clássico Giant Steps ganha vida.
In Our Talons, Bowerbirds "Hymns For A Dark Horse" (2007)
Realização: Alan Poon
Os Bowerbirds começam por estes dias uma digressão pela Europa, maia concretamente, pelas ilhas britânicas, centro e norte do nosso continente.Mais verifiquei que têm, até, espectáculos em comum com Bon Iver (Londres, 11.09; Amsterdão, 19.09; Bruxelas, 03.10)... Logo, a minha pergunta é: mas será que ninguém em Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria ou Lisboa (ou qualquer outro lado, já agora) é capaz de arranjar umas datas com estes dois projectos em Portugal?!
É em finais de Setembro que sai o novo dos experimentalistas pop/rock Mogwai, o sucessor de "Mr. Beast" (2006), um disco que tem, para já, criado alguma sensação pelos títulos das músicas: para além de The Sun Smells Too Loud, também temos, a abrir o alinhamento, I'm Jim Morrison, I'm Dead, mais à frente Scotland's Shame, Thank You Space Expert e o mais sugestivo I Love You, I'm Going To Blow Up Your School . Por aqui, espera-se...
Ter ideias para posts na cabeça é bom. Não os apontar é pior. Não tarda, acontece um qualquer evento infeliz e eles tornam-se prementes, se bem que pareçam oportunistas. E são mesmo.
Isaac Hayes [20.08.1942-10.08.2008] deixa-nos uma discografia importante, dos quais se destacam "Hot Buttered Soul" (1969), a banda sonora "Shaft" (1971) e o duplo "Black Moses" (1971). É precisamente em "Black Moses" que se pode encontrar o medley Ike's Rap II/Help Me Love, cujos primeiros dois minutos (Ike's Rap II) deram origem a um sampling quase simultâneo de dois dos percursores do então denominado trip-hop, Tricky e os Portishead. Ao que parece, tudo foi mesmo uma enorme coincidência. "Dummy" foi editado em 1994 e o não menos fabuloso "Maxinquaye" no ano seguinte.
Medley: Ike's Rap II/Help Me Love (*)- Isaac Hayes, "Black Moses" (1971) Glory Box (*)- Portishead, "Dummy" (1994) Hell Is Round The Corner (*)- Tricky (com Martina Topley-Bird), "Maxinquaye" (1995)
Depois de "...the Gospel of Progress" (2004) e "...the Opera Circuit" (2006), chegou há pouco tempo o terceiro Long-Play de Micah P. Hinson, um tipo que não sabe fazer discos maus (muito pelo contrário), com muita vida, cativantes histórias e uma impressionante voz nada condizentes com os seus (parcos) 27 anos. Dentro do universo Americana, do folk e country, é mesmo do melhor que se vai fazendo. Aqui ficam 3 exemplos saídos do recente "Micah P. Hinson and The Red Empire Orchestra".
Sai em Setembro o disco "Everything That Happens Will Happen Today" de David Byrne e Brian Eno. As músicas estarão em streaming no site do disco, a partir de 18 de Agosto. Aqui fica o primeiro single da colaboração.
Strange Overtones - David Byrne & Brian Eno "Everything That Happens Will Happen Today" (2008)
Tom Waits at Ratcellar (Phoenix Park) #3 - «Hail, Hail, the Eyeball Kid!»
As luzes apagam-se e o feitiço começa logo a seguir à ovação em pé.
«Ahh-poom!», vocifera o homem da voz metálica, quantas vezes ferrugenta, e começa o mais que eficaz medley Lucinda/Ain't Going Down The Well, que abriu as hostes em todos os concertos da digressão 'Glitter & Doom'. A partir daí, estão uns milhares de pessoas enfeitiçadas durante cerca de duas horas e meia, membros da banda incluídos. Suspensos de cada movimento: da mão, do pé, do torso. Por esta altura, Waits está no meio de um pequeno estrado circular poeirento, com pequenos instrumentos de percussão no chão, que vibram de cada vez que deixa cair o pé com violência, controlando tudo o que vive à sua volta.
Lucinda/Ain't Going Down The Well (31.07.2008)
Uma dezena de músicas depois, Waits senta-se em frente ao piano e inicia cada uma das músicas com uma pequena história. Fala da sua ideia para comida canina fluorescente, para que se tenha uma tarefa mais fácil na recolha dos seus dejectos; de como deve ser afastado dos leilões do e-bay, porque acabou de comprar «the last dying breath of Henry Ford»: «think of it: how many more of them are there?!»; antes de uma devastadora Invitation To The Blues, na segunda noite, discorre sobre como a Irlanda está mudada: viu uma placa a dizer "Men Working"... e, para sua sua surpresa, «there were actually men working»; na primeira noite diz que vai tocar um pedido: «my own request!» e lança-se a uma arrebatadora Tom Traubert's Blues que deixa o público em pé durante um ou dois minutos, com as palmas das mãos doridas... O set de piano acaba sempre com o convite ao canto do refrão de Innocent When You Dream.
Tom Traubert's Blues (01.08.2008)
As músicas apresentam-se com novos arranjos, nos quais brilham todos os músicos, principalmente o guitarrista Omar Torrez e Vincent Henry, na harmónica, clarinete e numa variedade de saxofones. Os arranjos fazem ainda sobressair o melhor do ainda muito jovem baterista Casey Waits, filho de Tom. Arranjos esses que são excelentes, por exemplo, em Dirt In The Ground, agora quase hipnótica, God's Away On Business ou Cemetery Polka. Note-se ainda a presença do ainda muito novo filho de Waits, Sullivan (13 ou 14 anos), no clarinete e sax em algumas músicas, e congas em Hoist That Rag - a música das "guitarras cubistas" (pela mão de Marc Ribot) apresenta-se cada vez mais latina.
Poucas são as músicas que se repetiram em todas as três noites de Dublin: o medley inicial, Down In The Hole, Innocent When You Dream, Hoist That Rag, Lie To Me e Make it Rain, que me lembre. As primeiras duas noites apresentaram-se como se fossem espectáculos complementares, de tão poucas músicas coincidentes. A terceira noite foi um apanhado das noites anteriores (comparar as setlists, no post abaixo), com a oferta de duas pérolas: Blue Valentines e The Heart Of Saturday Night.
Um dos momentos altos da primeira e terceira noite foi Eyeball Kid, com as luzes a apagarem-se, excepto alguns focos brancos, quando Tom pega num chapéu todo espelhado. O resultado é visualmente eficaz: um caleidoscópio de pequenos focos saídos de cada um dos espelhos do chapéu, como se fosse uma bola de discoteca. Make It Rain marcou o fim dos concertos, com a suplica de Waits a ser correspondida com uma chuva de confettis de cor azul e amarela. Na primeira noite, a súplica da lenda correu tão bem que, logo a seguir, o próprio céu de Dublin baptizou aquela tenda com uma feroz golfada de água que não mais deixou de castigar a cidade do Leefy naquela noite.
Make It Rain (31.07.2008)
Em resumo, três noites absolutamente brutais. Tom Waits está dentro daquele pequeno número de pessoas que garantem sempre um espectáculo excelente. Na sua obra podemos encontrar todo o século XX, entre o jazz, o blues, a folk, a soul, a world music (rumbas, polkas, valsas...) e o mais que possamos imaginar. Serve apenas de consolo a forma como acabou o segundo encore do último dia: «So don't cry for me For I'm going away And I'll be back some lucky day».
Pony, "Mule Variations" (1999) If I Have To Go, "Orphans(...): Bawlers" (2006) Lucky Day, "The Black Rider" (1993)
Quanto às setlist dos concertos, aqui ficam os cardápios, com a ajuda do inevitável Eyeball Kid.
- Quarta-feira, 30.07.2008:
Lucinda/Ain't Going Down To The Well, Raindogs/Russian, DanceFalling, DownOn the other side of the world, I'll shoot the moon,Cemetery Polka, Get behind the mule,Cold cold ground,Singapore,Circus/Tabletop Joe,God's Away On Business;
Tom Traubert's Blues, On the Nickel,Christmas Card from a Hooker in Minneapolis,Innocent When You Dream;
Lie to me,Hoist that Rag, Lost At The Bottom Of The World,Green Grass,Down in the hole,Metropolitan Glide,Dirt in the ground, Make it rain;
Encore: Jesus' Gonna be here, Eyeball Kid,Time.
- Quinta Feira, 31.07.2008
Lucinda/Ain't going down to the well,Down in the hole, Come on up the house,The bottom of the world, Jockey full of bourbon,Chocolate Jesus, Misery is the river of the world; Picture in a frame, Tango till they're sore,Invitation to the blues,House where nobody lives,Innocent when you dream; Lie to me,Sixteen shells from a thirty-ought six,9th & Hennepin,Black market baby, Trampled rose,Hoist that rag, All the world is green,Hang down your head, Raindogs/Russian Dance, Make it rain;
Encore: Heart attack and vine, November, Hold on.
- Sexta-feira, 01.08.2008
Lucinda/Ain't going down to the well,Raindogs/Russian Dance, Down in the hole,I'll shoot the moon,Other side of the world, Falling Down, Jesus' gonna be here; Tom Traubert's Blues,Heart of Saturday Night,Lost in the Harbour,House Where Nobody Lives,Innocent When you Dream; Hoist That Rag,Cemetery Polka, Green Grass, Long Way Home,Lie to Me,Blue Valentines, Trampled Rose, Eyeball Kid, Going Out West, God's Away on Business, Make it Rain;
Encores: 16 Shells from a thirty-ought six,Heigh Ho,Dirt in the Ground;
Chegar à parte norte do enorme e lindíssimo Phoenix Park e observar o local onde as festividades se iriam desenrolar foi, por um lado, substituir o nervosismo por pura comoção pela certeza de que qualquer coisa de único se iria ali passar: Tom Waits preparava-se para terminar a digressão europeia numa enorme tenda de circo azul e amarela assente em 6 colunas. E quaisquer dúvidas seriam dissipadas após a entrada no espaço, uma espécie de arraial circense, com comida, da fast food a crepes, café e bebidas (cerveja, vinho branco e tinto e champanhe), e merchandising da digressão.
Havia de tudo, mesmo de tudo, numa mole do mais heterogéneo que pude ver num concerto. Dos que tinham acabado de sair do escritório sem tempo para se mudar, ainda com o fato e gravata, passando pelo povo 'esquizo' de todas as facções até aos wanna-be Tom Waits, nas suas mais diferentes encarnações: os de fato de igual corte e chapéu condizente aos mais recentes anos, os da camisa vermelha com colete negro circa 1987 (digressão que daria origem ao disco e filme "Big Time") e uma fabulosa cópia de um Tom Waits da era de "Nighthawks at the Diner" e "Small Change", de fato e magra gravata negros, camisa branca e a inconfundível boina.
Pena apenas que os irlandeses sejam pessoas esquisitas com prioridades diferentes. Prioridades? Perdão, prioridade! E essa prioridade passava pela cerveja, o que originou uma das partes mais chatas dos 3 dias: pessoas que, ainda que tendo pago muito por um concerto, insistiam em sair e entrar do espectáculo para buscar cerveja, ir às casas de banho terminar o ciclo biológico da referida bebida ou fumar cigarro, obrigando as outras pessoas a levantar-se para lhes ceder passagem, na ida e na vinda. Nada que fosse decisivamente desagradável face à qualidade da performance de Waits.
Em Setembro deste ano sai um disco de versões de Tom Waits, do velho amigo Southside Johnny, veterano músico de New Jersey, em colaboração com Richie "La Bamba" Rosenberg - o bem conhecido "La Bamba" da banda residente no programa de Conan O'Brien (Os Max Weinberg 7). Deixo-vos o primeiro cheirinho, neste caso com a ajuda do homenageado:
Walk Away and Start Over Again - Southside Johnny and La Bamba's Big Band (com Tom Waits) "Grapefruit Moon: The Songs Of Tom Waits" (2008)