20.3.07
Novidades - LCD Soundsystem

Nota prévia: Há um ou outro tipo de música que me causa dificuldades. Um desses estilos é a música electrónica. Para mim, a música electrónica é como apreciar homens: sei distinguir os trambolhos e os que têm, indubitavelmente, bom aspecto. Tudo o que cai no meio é um mistério.
Não pensem (em especial) as clientes do tasco que me estou a aproveitar de um estereótipo, de modo a dar uma de muito macho. Estou a ser sincero.
Trata-se de um estilo musical que me deixa um pouco à deriva. É que há coisas que eu gosto de ouvir em discotecas, mas que não fazem parte da minha dieta diária - e mesmo no que toca a discotecas, a que mais me servia, em termos musicais, era a States, em Coimbra (cujo espaço passou há muito a ser ocupado por um franchise da "Passerelle"...).
Mas, em frente!

"Sounds of Silver", o novo de James Murphy, ou LCD Soundsystem, está a ser abençoado por toda a crítica especializada, como, aliás, já tinha acontecido com o disco de estreia "LCD Soundsystem", de 2005. Trata-se de um disco de música electrónica, mas que se reveste de pop, tem elementos disco dos 70's e, por vezes, o pós-punk do início dos anos 80.
Há ideias bem porreiras, estrutura de canções (em geral, bem sucedidas, como por exemplo Get Innocuous ou Someone Great) e dá vontade genuína de mexer os ossos. A isto junte-se os excelentes arranjos, as percussões e algumas vocalizações de James Murphy (excelente e contagiosa em Time to Get Away). Ou seja, um belo disco.
De tudo o que escrevi na nota prévia, note-se, no entanto, que não será aquele disco que irei ouvir e re-ouvir em casa - nesse sentido, músicas como All My Friends ou Us v Them arrastam-se por demasiado tempo, sem qualquer avanço significativo -, mas, por tudo o que disse acima, entendo que mesmo aqueles que não ligam muito à música electrónica vão encontrar aqui motivos de interesse, daí que a audição é obrigatória!
Também não será surpresa dizer que a música que me prendeu mais a atenção foi mesmo a última, New York, I Love You But You're Bringing Me Down. Mas, lá está, o problema é mesmo meu...

Time to Get Away
Watch The Tapes
New York, I Love You But You're Bringing Me Down

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Olavo Lüpia, 20.3.07 | Referências |


4 Comments:


  • At 21 março, 2007 15:44, Anonymous Anónimo

    Não é um problema de uma pessoa isolada. Cmgo passa-se algo semelhente. Será mesmo um 'problema'?

    Talvez a música electrónica não seja tão recompensadora como outros géneros. Exige menos de nós (no fundo apenas exige resistência física). Talvez não seja música para ouvir, mas apenas uma banda sonora para dançar.

     
  • At 21 março, 2007 20:08, Blogger cj

    eu, pelo contrário, encontro todas as possibilidades que outros géneros não possuem.
    as referências passadas (repara neste "time to get away", onde é possível distinguir samples a evocar a disco, as teclas que aparecem simples a lembrar o funk, etc.
    isto faz dançar, ainda com o plus de evocações familiares, embora sóbrias e contidas.
    esta é uma das diferenças que distingue a música electrónica de qualidade, embora não seja assim tão simples.
    a questão é: se dispomos das tecnologias, porque não tirar partido delas?
    a diferença estará sempre na maneira de as explorar.

     
  • At 21 março, 2007 20:23, Blogger Olavo Lüpia

    A questão que eu pus na minha relação com a música electrónica foi apenas a da minha pouca familiaridade com ela.
    Muitas vezes por não lhe reconhecer estrutura de canção - que é coisa que me faz confusão - outras porque só estou predisposto para ela em certos estados de espírito (o que não é um problema em si) ou certos locais.
    Lembro-me, por exemplo, de um disco de 2005 da M.I.A. que toda a gente disse ser essencial e eu achei-me a mais bruta das criaturas, porque não conseguia ouvir aquilo. Nesse caso, pareceu-me que aquilo era tudo hype dos media.
    Mas atenção que, como se pode ler, eu gostei deste Sounds Of Silver e as referências que os CJ apontou estão muito bem apanhadas.
    Não sou nada contra o uso em música de toda e qualquer coisa que sirva para fazer som... desde que me soe bem.

     
  • At 22 março, 2007 09:52, Anonymous Anónimo

    A questão é até onde podemos usar essas tecnologias sem nos corrompermos.

    A mera existência de tecnologias não justifica ou valoriza tudo.