15.5.08
Primeira Impressão - Scarlett Johansson


Parafraseando Woody Allen, não há nada mais bonito que o canto de um passarinho a acordar-nos pela manhã. É claro que se ele continuar a cantar por período maior que o desejável podemos ganhar uma dor de cabeça. Se o canto da avezinha for interminável, a vontade de lhe meter uma meia pela goela abaixo pode ser mesmo indomável.
De uma outra maneira: se é verdade que as plantas necessitam de água para sobreviver, encharcar-lhe as raízes do - cada vez mais - precioso líquido pode matá-las. Que é que isto tem a ver com o disco da starlet Johansson? Não faço puto de ideia, mas a primeira coisa que me vem à cabeça com a audição de "Anywhere I Lay My Head" é uma sinestesia: "encharcado em som".
David Sitek (TV On The Radio), o produtor, parece ser o grande responsável. Até um certo ponto, entende-se a linha de raciocínio. A voz de Scarlett não é a oitava maravilha do mundo e toca de imbricar o som em produção. Muitas das músicas de Waits são agrestes, outras são quase pequenos segredos, histórias que nada ficam a dever ao glamour. Ora, a primeira função de um cacto não é servir de distracção para narizes ou olhos alheios. E neste disco, aconteceu um pouco isso: cactos, cravos ou jacintos, todos ficaram a parecer rosas. [Já chegava de Botânica, digo eu...]
Em conclusão, querer pegar no jazz, no blues, no folk e tudo mais de Waits, misturar tudo no mesmo caldeirão, dissolver a mistura em pop dos 80's com um feel karaoke, e tirar de lá uma poçãozinha de "glam-pop" pode não ter sido a melhor ideia do mundo.

No mais, continuo a achar Scarlett Johansson uma das mais impressionantes conquistas visuais da Humanidade...


Falling Down, Scarlett Johansson (com David Bowie)

Anywhere I Lay My Head

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Olavo Lüpia, 15.5.08 | Referências |


5 Comments:


  • At 15 maio, 2008 13:05, Blogger Sãozinha

    Não está nada mau não senhora.

     
  • At 15 maio, 2008 19:21, Blogger Nuno Guronsan

    É de facto uma enorme conquista visual dos genes humanos, não podia concordar mais, Olavo.

    Quanto à voz... acredito que sussurrada e no meio de alguns lençois, se tornasse sem dúvida uma das mais impressionantes conquistas auditivas da humanidade...

    Abraço.

     
  • At 16 maio, 2008 16:51, Anonymous Anónimo

    Sim, como conquista visual não nos sobra grande discordância. Já quanto à voz... pá... eu diria somente isto: o disco só foi gravado, por causa da presença da Scarlett. E o disco só teve atenção do meio musical, porque as versões são do Senhor. Caso contrário, nem para a história ficava. É que, em boca verdade, o álbum é duma pobreza franciscana gritante...

     
  • At 16 maio, 2008 20:32, Blogger Olavo Lüpia

    caríssimos,
    acho que este é o primeiro post deste tasco em que eu critico alguém com alguma severidade, mas senti que tinha que o fazer, já que também eu, neste tasco - e na sua microscópica proporção -, tinha contribuído para o hype à volta do disco (basta seguir a etiqueta com o nome do álbum no final do post acima).

    acho que o pior de tudo é mesmo este vídeo do Falling Down. o que é aquilo? a ligeira angústia da movie/pop star no meio do glamour de que a vida é feita?!... com uma canção com aquela letra como pano de fundo?
    mais uma vez, safa-se a starlet... e ela safa-se sempre bem!... até com um gorro de lã vermelho a cobrir metade da cabeça...

    abraços.

     
  • At 19 maio, 2008 12:16, Anonymous Anónimo

    Isto é mauzinho, é. Mauzinho, não: isto é mau. E irritante. E pode, nalguns casos, ser motivo de ultraje à obra de outrém. Provavelmente quem lhe disse que era boa cantadora terá sido quem lhe disse, em idos tempos "és feia como um bode".