6.5.08
It's Hard To Be A Saint In The City

A foto acima é de Novembro de 1974 e a "constituição da equipa" é 2/3 fácil de fazer. A meio, a figura que parece um tio distante de Philip Seymour Hoffman é Ed Sciaky, à altura DJ da Rádio WMMR-FM, de Philadelphia.
É Sciaky quem telefona a Springsteen, no dia 24 daquele mês, dizendo que queria apresentá-lo a Bowie (após pedido do próprio Camaleão). Bruce apanha, então, um autocarro até à capital da Pennsylvania e conhece Bowie nessa noite nos estúdios da Sigma Sound - onde haviam decorrido as gravações do disco "Young American".
No dia a seguir, Springsteen grava uma mensagem de Natal para Sciaky e para a sua rádio à tarde e, pela noite, vai com aquele ver o espectáculo que Bowie daria no Spectrum de Philadelphia.
Bowie, talvez por timidez, não o disse, logo, Springsteen não o soube, mas o primeiro, durante as referidas gravações de "Young American", havia gravado uma versão de It's Hard To Be a Saint In The City, que viria a ficar de fora daquele disco. Esta cover apenas aparece, anos mais tarde, em algumas compilações [*].
Do original para a versão, o rock perde a negritude soul jazz do Springsteen inicial e ganha a cor, a lúxuria e o glam do Bowie dos meados dos 70's - bem patente, por exemplo, naquelas cordas irrequietas, nas raias da disco.

It's Hard To Be a Saint In The City - Bruce Springsteen
"Greetings from Asbury Park, N.J." (1973)

It's Hard To Be A Saint In The City [outtake de "Young Americans"] - David Bowie
"Sound + Vision" (1989)

[letra]
[fonte: Brucebase, 1974]
____________________________________
[* "Sound + Vision" (1989), "Alternate Biography" (1997), "The Best of David Bowie 1974-1979" (1998), entre outros, de Bowie; também surge no disco de homenagem a Springsteen "One Step Up/Two Steps Back: The Songs of Bruce Springsteen" (1997).]

Etiquetas: , , , , , , ,

 
Olavo Lüpia, 6.5.08 | Referências |


5 Comments:


  • At 06 maio, 2008 19:03, Blogger Joe

    Anos mais tarde, a propósito desse encontro, o Bowie disse isto: "I just couldn't relate to him at all. It was a bad time for us to have met. I could see what he was thinking, 'who is this weird guy?', and I was thinking, what do I say to normal people?'. There was a real impasse. But I still think he was one of the best american songwriters around in those early days"
    Apesar de tudo, a admiração do Bowie pelo Boss já vinha de trás. Pelo menos de uma versão que ele tinha feito do Growing Up em 73, durante as sessões do Diamond Dogs.

    Abraço

     
  • At 06 maio, 2008 20:48, Blogger Olavo Lüpia

    grande joe,
    realmente, olhando-se para a fotografia, é a primeira coisa que um gajo pensa: como é que estes gajos se deram, de tão diferentes? mas não sabia que o bowie tinha dito isso. nem sabia que ele tinha feito uma versão do monumento "Growin' Up"... muito grande!

    abraço.

     
  • At 07 maio, 2008 13:31, Blogger cj

    por acaso, também pensei o mesmo quando vi a foto.
    basta ver o olhar deles...

     
  • At 07 maio, 2008 19:55, Blogger Nuno Guronsan

    Bruce e David, vultos da música. A mesma música tocada. Continuo enamorado pelo original do Bruce, o David que me perdoe.

    Bonito momento musicó-arqueológico, Olavo. Obrigado.

     
  • At 07 maio, 2008 20:02, Blogger Nuno Guronsan

    Adenda, a versão do Bruce a que me estava a referir não é esta que aqui está, é uma versão acústica do Bruce + guitarra que, salvo erro, está na versão 3CDs do "Tracks".

    Até já.